Prepare-se para uma dose de realidade tecnológica, porque o que está acontecendo nos bastidores da revolução da Inteligência Artificial é algo de outro mundo. Esqueça as imagens futuristas de robôs voadores por um instante e foque em algo mais terreno, mas igualmente grandioso: os data centers. Sim, aquelas fortalezas digitais que, um ano atrás, Sam Altman, CEO da OpenAI, comparou ao Império Romano. E ele não estava brincando. Estamos vivendo uma era onde latifúndios não são mais terras agrícolas, mas sim gigantescos centros de dados de IA que estão pontilhando o planeta.
Executivos como Altman, Jensen Huang da Nvidia, Satya Nadella da Microsoft e Larry Ellison da Oracle estão totalmente imersos na visão de que o futuro da economia global reside nestes novos armazéns, repletos de infraestrutura de TI. Mas, calma lá, data centers não são exatamente uma novidade. O que muda é a escala, a demanda e, claro, a conta.
A evolução da infraestrutura: do mainframe à nuvem e além
Para entender onde estamos, precisamos dar uma olhada rápida no passado. Lá nos primórdios da computação, tínhamos mainframes gigantes, sugadores de energia, em salas climatizadas. Lembra? Depois, o boom da internet de consumo no final dos anos 90 trouxe uma nova era. Prédios massivos começaram a surgir, cheios de racks e mais racks de computadores armazenando e processando dados para as empresas de tecnologia. Era um espetáculo de cabos e servidores!
Uma década depois, a “nuvem” se tornou a infraestrutura mais maleável da internet. O armazenamento ficou mais barato, e empresas como a Amazon souberam capitalizar isso como ninguém. Os data centers gigantes continuaram a proliferar, mas a diferença era que as empresas não precisavam mais manter seus próprios servidores ou alugar racks físicos. Elas terceirizavam suas necessidades de computação para ambientes virtualizados. (Confesso que me lembro de um parente inteligente me perguntando em meados de 2010: “O que é a nuvem? E por que estou pagando 17 assinaturas diferentes para ela?”).
Enquanto isso, as empresas de tecnologia estavam sugando petabytes de dados – aqueles que você e eu compartilhamos alegremente online, em espaços de trabalho corporativos e através de aplicativos móveis. O “Big Data” prometeu mudar vidas, e de muitas formas, mudou. Mas agora, o Big Data está “cansado”. A indústria de tecnologia está no auge da Inteligência Artificial Generativa, que exige níveis de recursos computacionais inéditos. Agora, meus amigos, os data centers de verdade chegaram, e estão totalmente preparados para a IA.
Os titãs da tecnologia e a corrida do ouro da IA
Chips mais rápidos e eficientes são a alma desses novos data centers de IA. Fabricantes como Nvidia e AMD estão pulando de alegria, proclamando seu amor pela IA (e pelos lucros, claro!). A indústria entrou em uma era sem precedentes de investimentos de capital em infraestrutura de IA, impulsionando até mesmo o PIB dos EUA. São negócios gigantescos, que parecem apertos de mão em festas de coquetel, lubrificados com gigawatts e uma boa dose de euforia.
Olha só o nível dos investimentos:
- Projeto Stargate: Uma colaboração inicial entre OpenAI e Microsoft, que se tornou um projeto massivo de infraestrutura de IA nos EUA. Começou com um investimento de US$ 100 bilhões, com planos de chegar a US$ 500 bilhões nos próximos anos. As GPUs da Nvidia serão as estrelas do show.
- OpenAI e Oracle: Em julho, anunciaram uma parceria adicional para o Stargate, prometendo 4,5 gigawatts de capacidade e a criação de cerca de 100.000 empregos. (Curiosamente, a SoftBank, que estava na jogada inicial, ficou de fora desta parte).
- Microsoft: No início de 2025, a gigante anunciou um investimento de aproximadamente US$ 80 bilhões para construir data centers habilitados para IA em todo o mundo.
- Nvidia e OpenAI: A Nvidia prometeu investir até US$ 100 bilhões na OpenAI, desde que a OpenAI utilize até 10 gigawatts dos sistemas da Nvidia em seus planos de infraestrutura. Um belo exemplo de “você me paga para eu te pagar”.
- AMD e OpenAI: No mês seguinte, a AMD disse que daria à OpenAI até 10% da empresa de chips se a OpenAI comprasse e implantasse até 6 gigawatts de GPUs AMD até 2030.
E não para por aí! Microsoft, Amazon e Meta também têm planos de projetos de data centers multibilionários. Até mesmo mineradores de Bitcoin, diante de uma crise de rentabilidade, estão transformando seus data centers em fábricas de IA. É uma verdadeira corrida do ouro digital!
O lado sombrio da expansão: desafios e impactos
Com tanto dinheiro e energia envolvidos, é natural que surjam algumas preocupações. A natureza “circular” desses investimentos tem levado o público e analistas mais céticos a se perguntarem: estamos indo para uma bolha da IA? Lisa Su, CEO da AMD, quando questionada sobre isso, foi enfática: “Enfaticamente… não.” Ela, assim como outros executivos, cita a demanda avassaladora por IA como justificativa para esses gastos capitais. Demanda de quem? De todos nós, aparentemente. Os 800 milhões de pessoas que usam o ChatGPT semanalmente, por exemplo.
Mas os efeitos imediatos dessa construção massiva de data centers são bem reais e palpáveis. As demandas por energia, recursos e mão de obra para a infraestrutura de IA são simplesmente enormes. Algumas estimativas apontam que a demanda global por energia da IA superará a demanda da mineração de Bitcoin até o final deste ano. Pense nisso por um segundo!
Os processadores nos data centers esquentam que é uma beleza e precisam ser resfriados. Para isso, as grandes empresas de tecnologia estão drenando suprimentos de água municipais – e nem sempre divulgam quanto estão usando. Poços locais estão secando ou a água parece insegura para beber. Moradores próximos a esses canteiros de obras estão notando atrasos no trânsito e, em alguns casos, até acidentes de carro. Um exemplo chocante é Richland Parish, Louisiana, lar do data center Hyperion de US$ 27 bilhões da Meta, que viu um aumento de 600% nos acidentes de veículos neste ano. É um impacto local que não podemos ignorar.
Os grandes defensores da IA sugerem que tudo isso valerá a pena. Poucos executivos de tecnologia de ponta admitem publicamente a noção de que pode haver um exagero, seja ecológica ou economicamente. A verdade é que a IA generativa está fora da garrafa, e não há como voltar atrás. Os Sams, Jensens, Larrys e Lisas do mundo não estão errados sobre isso.
No entanto, isso não significa que eles não possam estar errados sobre a matemática. Sobre suas previsões econômicas. Ou suas ideias sobre produtividade impulsionada por IA e o mercado de trabalho. Ou a disponibilidade de recursos naturais e materiais para esses data centers. Ou quem virá depois que eles forem construídos. Ou o timing de tudo isso. Afinal, até Roma, um dia, ruiu.
Concluindo…
A expansão dos data centers bilionários é uma faceta inegável da revolução da Inteligência Artificial. Estamos testemunhando investimentos sem precedentes e uma corrida tecnológica que está redefinindo a infraestrutura global. Se, por um lado, isso promete avanços incríveis e um futuro mais conectado, por outro, nos força a confrontar o custo real dessa inovação: o consumo gigantesco de energia e água, o impacto ambiental e social, e a própria sustentabilidade desse modelo de crescimento. É um equilíbrio delicado entre progresso e responsabilidade.
Qual a sua opinião sobre essa corrida global por data centers de IA? Você acredita que os benefícios superam os desafios, ou estamos caminhando para um “exagero” tecnológico? Compartilhe seus pensamentos nos comentários!
FAQ
- O que são data centers bilionários? São centros de dados de escala massiva, com investimentos na casa dos bilhões de dólares, projetados especificamente para atender às gigantescas demandas computacionais da Inteligência Artificial Generativa.
- Por que a IA exige tantos data centers? A IA generativa, como modelos de linguagem e imagem, requer poder de processamento e armazenamento de dados sem precedentes para treinamento e execução, o que só é possível com infraestruturas de TI gigantescas e otimizadas.
- Quais são os principais impactos ambientais dos data centers? Os maiores impactos são o consumo massivo de energia elétrica, que contribui para a pegada de carbono, e o uso intensivo de água para resfriar os servidores, o que pode esgotar recursos hídricos locais.
- A expansão dos data centers de IA é sustentável a longo prazo? A sustentabilidade é uma preocupação crescente. Embora a demanda por IA seja inegável, o consumo exponencial de recursos naturais e a gestão dos impactos ambientais e sociais representam grandes desafios que precisam ser abordados para garantir a viabilidade a longo prazo.


