Se você tentou atualizar seu setup ou comprar um console de nova geração recentemente, provavelmente sentiu um soco no estômago ao olhar a etiqueta de preço. Aqui na UzTech, acompanhamos o mercado de tecnologia diariamente, e o que estamos vendo em 2025 é um fenômeno que vai muito além da simples “ganância das empresas”.
Ter um videogame no Brasil sempre foi caro, mas 2025 elevou o desafio a um novo patamar. O hobby, que deveria ser uma válvula de escape, tornou-se um investimento de alto risco para o bolso do brasileiro. Mas afinal, por que os preços não caíram como em gerações anteriores? Por que o PlayStation 5 e o Xbox Series parecem mais distantes hoje do que no lançamento? Vamos dissecar os fatores que criaram essa “tempestade perfeita” na economia dos games.
O eterno peso do Custo Brasil e a carga tributária
Não dá para começar essa conversa sem falar do elefante na sala: os impostos. O Brasil é, historicamente, um dos países que mais tributa eletrônicos no mundo. O problema é que, em 2025, a logística e a estrutura de importação ficaram ainda mais complexas.
Consoles como o PlayStation 5, o Xbox Series e o aguardado Nintendo Switch 2 não possuem fabricação nacional. Eles vêm de centros tecnológicos como China e Taiwan. Quando cruzam a nossa fronteira, uma cascata de tributos é acionada:
- Imposto sobre Importação (II): Pode chegar a 20%.
- IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados): Em torno de 12%.
- ICMS: O imposto estadual que pode atingir 25%, dependendo de onde você mora.
Para ilustrar a gravidade, veja a estimativa de custos para o novo console da Nintendo no mercado brasileiro:
| Item de Custo | Valor Estimado (R$) |
| Preço Sugerido EUA (US$ 449,99) | R$ 2.450,00 (conversão direta) |
| Impostos e Taxas de Importação | + R$ 1.200,00 |
| Logística, Distribuição e Margem Lojista | + R$ 850,00 |
| Preço Final Brasil | R$ 4.500,00 |
O resultado é cruel: o brasileiro paga quase o dobro do valor convertido apenas para cobrir a burocracia e a cadeia de distribuição. Sem incentivos fiscais reais para a produção local, o cenário dificilmente mudará no curto prazo.
O “Tarifaço” dos EUA e o caos na produção global
Você pode se perguntar: “O que as decisões de Washington têm a ver com o preço do meu videogame em São Paulo?”. A resposta é: tudo. Entre 2024 e 2025, as políticas econômicas dos Estados Unidos — iniciadas por Joe Biden e intensificadas por Donald Trump — criaram o que o mercado chama de “Tarifaço”.
A ideia americana é reduzir a dependência da China e do sudeste asiático, aplicando tarifas pesadas sobre produtos tecnológicos vindos de lá. Como a maioria dos componentes dos consoles (chips, placas e conectores) é fabricada nessa região, o custo de produção global disparou. Como o mercado de tecnologia é dolarizado, qualquer aumento de custo nos EUA reverbera instantaneamente no Brasil. É a regra do 1+1: se ficou mais caro produzir e importar na maior economia do mundo, o resto do continente sofre por tabela.
A Inteligência Artificial “roubou” as memórias RAM
Aqui entra um fator técnico que muitos usuários finais não percebem. Em 2025, vivemos o auge da expansão dos Data Centers voltados para Inteligência Artificial. Essas instalações gigantescas consomem uma quantidade absurda de memórias RAM DDR5.
Fabricantes como Samsung e SK Hynix priorizaram o fornecimento para gigantes da IA, mantendo o ritmo de produção estável em vez de aumentá-lo. Com a demanda nas alturas e a oferta limitada, o preço das memórias RAM explodiu. Como os consoles modernos dependem de memórias de alta velocidade para entregar gráficos em 4K, o custo do hardware interno não caiu com o tempo, como costumava acontecer. Em alguns casos, kits de memória RAM de alto desempenho estão custando quase o preço de um console inteiro.
O caso crítico do Xbox no Brasil
Se a situação está difícil para todos, para o fã de Xbox o cenário é alarmante. Em 2025, a Microsoft mudou sua estratégia, freando a produção em massa de hardware em diversos mercados. O resultado? O Xbox Series praticamente desapareceu das grandes varejistas brasileiras sob o preço oficial.
Hoje, quem deseja um Xbox muitas vezes precisa recorrer ao mercado de importação direta ou marketplaces cinzas, onde os valores flutuam entre R$ 6.000 e R$ 10.000. É por isso que a campanha “Isso é um Xbox” ganhou força: a empresa quer que você jogue via nuvem (Cloud Gaming) ou PC, já que comprar o console físico tornou-se um luxo proibitivo.
O que esperar de 2026 e além?
O horizonte não é dos mais coloridos. Com rumores sobre o PlayStation 6 e o próximo hardware da Microsoft (codinome Magnus) já circulando, a tendência é que a base de preço de entrada da próxima geração seja ainda mais alta. Somado a isso, temos a expectativa de jogos “AAA”, como GTA 6, chegarem ao mercado custando perto de US$ 100 — o que pode significar lançamentos de R$ 500 a R$ 600 no Brasil.
Concluindo…
A inflação dos games em 2025 é o resultado de uma combinação perversa de impostos nacionais arcaicos, tensões geopolíticas globais e uma crise de suprimentos causada pela corrida da IA. O videogame deixou de ser um brinquedo para se tornar um item de tecnologia de ponta disputando recursos com supercomputadores. Para o gamer brasileiro, a saída tem sido buscar promoções agressivas, serviços de assinatura como o Game Pass ou focar no mercado de usados.
E você, como tem lidado com esses preços? Deixou de comprar algum console ou migrou para o PC? Deixe seu comentário abaixo e vamos debater esse cenário!
FAQ
Por que os videogames não baixam de preço com o passar dos anos?
Diferente de gerações passadas, os custos de componentes (como memórias RAM e chips) não caíram devido à alta demanda da Inteligência Artificial e às novas tarifas de importação globais.
Vale a pena comprar um console em 2025 ou esperar?
Se você encontrar estoques oficiais com preço sugerido, pode valer a pena. No entanto, a tendência para o final de 2025 e início de 2026 é de novos aumentos devido à normalização de preços de componentes prevista apenas para 2027.
Como os impostos afetam o preço final no Brasil?
Os impostos (II, IPI e ICMS) somados à margem de distribuição podem dobrar o valor do produto em relação à conversão direta do dólar, transformando um console de R$ 2.500 em um produto de R$ 4.500.
O que é o “Tarifaço” mencionado no artigo?
É uma política econômica dos EUA que aplica taxas altas sobre produtos e componentes fabricados na China, aumentando o custo de produção de eletrônicos em todo o mundo.


