Lembra do Orkut? Aquela rede social que marcou uma geração, com comunidades vibrantes, scraps inesquecíveis e a busca por novos amigos? Pois é, a plataforma que um dia chegou a ter 120 milhões de usuários globalmente, com 36 milhões só no Brasil, teve seus dias de glória entre 2004 e 2014. Mas o tempo passa, e com ele, a internet e nossas formas de interação digital também mudam. E quem melhor para falar sobre essa evolução (ou involução, dependendo do ponto de vista) do que o próprio criador do Orkut, Orkut Büyükkökten?
Em sua recente participação no evento Voices 2025, Büyükkökten, hoje um empreendedor com um olhar crítico sobre o cenário digital atual, lançou um alerta: o propósito original das redes sociais se perdeu. Ele apontou 2009 como um marco crucial, o ano em que plataformas como o Facebook introduziram funcionalidades como o “compartilhar” e o “curtir”. Na época, parecia inofensivo, mas, como ele mesmo admitiu, “estávamos errados”.
A ascensão da “moeda social” e a queda da intimidade
A capacidade de compartilhar conteúdos e receber validação de outros usuários transformou a experiência online em uma verdadeira disputa de egos. Orkut Büyükkökten explicou que a atenção se tornou uma “moeda social”. O resultado? Paradoxalmente, em um mundo cada vez mais conectado digitalmente, estamos nos tornando mais solitários. Ele ressalta que essa dinâmica valoriza a influência em detrimento da intimidade, e o espetáculo suplanta a conexão pessoal genuína.
“Criamos versões perfeitas demais de nós mesmos”, desabafou o empreendedor, “e quanto mais perseguimos essa ilusão, mais nos afastamos do que importa: a realidade simples, imperfeita e bela de nossas próprias vidas.” Essa percepção é corroborada por dados alarmantes: enquanto em 2003 apenas 8% dos jovens norte-americanos se declaravam solitários, esse número já ultrapassa os 25% em 2025. É um salto que não pode ser ignorado.
Büyükkökten relembrou com nostalgia o objetivo inicial das redes sociais: reaproximar amigos distantes, facilitar novas amizades, descobrir grupos de afinidade e criar comunidades. Algo que, segundo ele, pouco se assemelha ao que vemos hoje. As plataformas, que deveriam ser ferramentas de conexão, se tornaram verdadeiros centros de consumo, onde a emoção é manipulada para gerar engajamento, e o clique se sobrepõe à substância.
“Rage bait” e a monetização da raiva nas redes
Em sintonia com a palavra do ano de 2025, “rage bait” (isca de raiva), Orkut Büyükkökten destacou outro efeito colateral preocupante das redes: a monetização da nossa atenção, tempo e dados. E o que gera mais engajamento? A raiva e a negatividade. “O ódio é um gatilho emocional mais rápido para engajar a audiência”, explicou. Nossa tendência natural de superestimar o negativo e subestimar o positivo é explorada pelos algoritmos, alimentando um ciclo vicioso de negatividade.
Essa lógica, ao mesmo tempo danosa e lucrativa, é impulsionada pela inteligência artificial. Quanto mais tempo passamos rolando telas infinitas, mais as redes lucram com anúncios e a monetização de dados. Tudo isso, infelizmente, acontece às custas do nosso “capital social” – a rede de conexões, amizades e reputação que nos torna mais felizes, saudáveis, inteligentes e seguros. Não é à toa que a Geração Z já começa a dar sinais de cansaço, buscando profundidade e conexões que os algoritmos não conseguem replicar.
A solução, segundo Orkut, reside na “presença real”. A mídia digital, ao não exigir que estejamos “por inteiro”, nos aprisiona em uma armadilha: temos centenas ou milhares de “amigos”, mas ninguém nos conhece de verdade, e acabamos tratando as pessoas como objetos. Isso não acontece nas interações cara a cara, nas conexões analógicas.
O futuro: reconstruindo um espaço digital mais saudável
Apesar do cenário crítico, Orkut Büyükkökten mantém um fio de esperança. Ele acredita que ainda é possível reconstruir espaços digitais mais saudáveis. O evento Voices 2025, realizado no Museu de Arte do Rio, foi palco para essa reflexão. A internet foi tomada por “raiva, ódio e negatividade”, mas a chave para a mudança está em resgatar o propósito original das plataformas.
A internet perdeu o rumo quando o lucro passou a ditar as regras. “As redes foram ajustadas para engajamento, não para conexão humana”, pontuou. A proposta é substituir o “clique” por conexões reais, construindo um mundo baseado em humanidade, e não apenas em códigos. É um chamado para repensarmos nossa relação com a tecnologia e priorizarmos o que realmente importa: as relações humanas genuínas.
Concluindo…
A jornada do Orkut, de uma rede social revolucionária a um símbolo de um passado digital, nos convida a uma profunda reflexão. As palavras de seu criador no Voices 2025 ecoam um sentimento crescente: precisamos resgatar o espírito de conexão e comunidade que marcou os primórdios da web, fugindo da armadilha da validação superficial e do engajamento tóxico. A busca por um ambiente digital mais saudável e humano é um desafio que compete a todos nós.
E você, o que acha que as redes sociais precisam mudar para serem mais saudáveis? Compartilhe sua opinião nos comentários!
FAQ
O que Orkut Büyükkökten disse sobre as redes sociais em 2025?
No Voices 2025, Orkut Büyükkökten criticou a perda do propósito original das redes sociais, afirmando que elas se tornaram focadas em engajamento e monetização, levando à solidão e à valorização da influência em detrimento da intimidade.
Por que o criador do Orkut considera as redes sociais perigosas hoje?
Ele acredita que a busca por validação através de curtidas e compartilhamentos gera uma disputa de egos e a criação de “versões perfeitas” de si mesmo, distanciando as pessoas da realidade. Além disso, a monetização da raiva e negatividade (“rage bait”) prejudica o bem-estar mental e o capital social dos usuários.
Como Orkut Büyükkökten sugere que as redes sociais voltem a ser mais saudáveis?
Ele defende a substituição do “clique” por conexões reais, a priorização da humanidade sobre os códigos e a volta a um modelo onde o objetivo principal seja reaproximar pessoas e construir comunidades, em vez de apenas gerar engajamento.
Qual a relação entre o Orkut e o evento Voices 2025?
Orkut Büyükkökten, o criador da rede social Orkut, participou do Voices 2025 para compartilhar suas visões e críticas sobre o estado atual das redes sociais e o futuro da interação digital.


